O Amor

Quando olhamos o mundo á distancia,
Tudo parece pequeno, recuado, distante.
Todos tratando dos seus afazeres sem nunca nos ver.
Vivemos numa enorme colmeia cheia de abelhas atarefadas e alheias umas às outras.
Mas quando olhamos para Ela, os nossos olhos aproximam-na;
Os nossos olhos funcionam como quem usa binóculos.
Cortam a distância, dissipam tudo e todos á volta das suas muito próprias vidas.
Focamos então o brilho longínquo tão perto que quando a olhamos semicerramos os olhos para não doer a alma; mordemos os lábios pois parece que nos olha de volta.
A distância deixa de existir, o tempo pára, o coração deixa de bater...
E a alma, essa sim, enche-se de energia: como as flores que brotam com os primeiros raios de sol, como os girassóis que perseguem o sol numa silenciosa devoção.
Sentimos um calor cá dentro, como se estivesse-mos numa bela e calorosa praia no dia mais chuvoso de Inverno. Ficamos atónicos insensíveis ao mundo, imunes a tudo que vai mal. Ficamos suspensos por breves momentos, mais longos que a própria vida.

Mas depois passa; como o voo das andorinha que voam de telhado em telhado.
Da mesma maneira que vemos o seu voo, a deixamos de ver entre os telhados das nossas vidas.

Então caímos pesadamente de volta á nossa vida.
Tão frustrados connosco mesmos como cheios de esperança no futuro das nossas simples vidas.
Sim, simples; pois simples é o amor.

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