Um conto de Natal



“Dou voltas na cama sem conseguir dormir;

Dou voltas com o olhar á espera que o tempo passe;
Dou voltas á cabeça a tentar perceber o que se passa…
Mas não entendo.

É isto todos os anos na noite de consoada:

Tinha de me deitar mais cedo, pois não posso ver o que se passa na sala;
Lá tinha de deixar o meu sapato preferido, sujo e suado;
E tinha de esperar uma noite inteira com uma simples promessa:

O Pai Natal viria de noite trazer prendas para todos… e para mim.

Tinha de me portar bem o ano todo para ter uma prenda no Natal;
Mas aparecia sempre uma qualquer, quer me porte bem quer não.

É a noite mais excitante e estranha do ano.
Tudo aquilo me faz uma confusão enorme:

Com que então o Pai Natal mora no Pólo Norte;
No local mais frio do mundo;
No entanto quando entra em casa das pessoas desce sempre pela lareira acesa.
E não se queima? A mim parece-me um pouco gordo para passar pela chaminé.
…Muitas vezes lembro-me dos meninos que não têm lareira em casa…
Como fará ele? Baterá á porta? Então para isso vou atulhar a minha de coisas para ele não poder passar;
Assim teria de bater á porta e eu ia abrir… Mas os meus pais não me deixam.
Mas era preferível;
Tenho a certeza que fica todo sujo de descer pela chaminé; e depois disso nem assim emagrece.
Não admira; se em cada casa come uma fatia de bolo-rei e um copo de leite não consegue manter a linha.
Eu ficava enjoado com tanta coisa...

Como consegue ele numa única noite percorrer todas as casas do mundo inteiro;
Prédios com muitos apartamentos e aldeias no meio de nada;
Tudo pontualmente á meia-noite.
O trenó e as renas devem ser mesmo super-sónicos…
E que gosto eu do Homem-Aranha e do Super-Homem.
Porque não fazem uma banda desenhada sobre o melhor Super-Heroi do mundo: O Pai Natal.
Bem merecia, com tantos presentes que ele dá numa única noite.
Como tem ele dinheiro para comprar todos eles? Deve ser dos anúncios que faz por aí… Tipo Coca-Cola.
Não, pelos vistos é ele que os faz; tipo, tem fábricas com duendes e tudo.
É extraordinário; fabrica todo o tipo de brinquedos, roupas e tudo mais… Mesmo os de marca que se compram nas lojas!
Muito gostava de ter um saco igual ao dele;
Cabem todas as prendas do mundo.
Já lhe pedi muitas vezes mas nunca tive sorte… Deve ser só para ele.
Deve ser muito solitário;
Passar um ano inteiro no frio do Pólo Norte e só sair uma noite.
E mesmo assim é para trabalhar… Não se diverte!
Para mim também é uma noite muito longa e só… À espera dele.

Então, quando finalmente acordo de manhã, não perco tempo;
Corro para a sala feito doido… e lá está:
O tabuleiro com migalhas do Bolo-rei e o copo de leite vazio…
Ele esteva cá…
Bolas! Nunca o apanho!
Mas mais importante que isso:
As prendas para toda a gente… E para mim.
Como uma fera apanho a minha e destruo o papel; e….
- Uau! – Magia…
- MEIAS!!! – Acabo por explodir no meio da excitação.
- Iguaizinhas aquelas que eu vi a minha mãe comprar!!!...”

Um bom Natal para todos;
E um próspero Ano Novo!

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