Nostalgia


Oh tempo volta para traz;
Traz-me de volta os bons velhos tempos;
Deixa-me brincar na minha felicidade ancestral.

Quero refazer o caminho percorrido,
E tudo corrigir para melhor.

Mas nada poderia ser menos verdade,
Pois cada decisão tem o seu tempo e o seu espaço;
As suas próprias circunstancias do momento,
E esse momento, esse mesmo jamais voltará.

­Por mais voltas que o mundo dê;
Por mais preces que o mundo fizer;
Nada altera o passado,
Apenas fazemos o presente.

Vivemos Hoje no topo da nossa pirâmide de decisões passadas,
Não para nos arrastar no caminho,
Mas sim para nos elevar sempre mais alto.

No entanto, de vez em quando, a nostalgia apodera-se de nós;
Instintivamente olhamos para traz, para baixo;
Perdemo-nos na montanha de decisões vividas;
Suspiramos por velhas encruzilhadas,
E como seria a caminhada se o outro caminho fosse tomado.

Recuamos então mentalmente,
Num esforço inútil de imaginação,
Para, por breves momentos virtuais, por meros suspiros,
Quase conseguir ver o outro caminho;
Quase conseguir tocar a felicidade perfeita;
Só para de novo cairmos no velho mundo imperfeito.

Mas a imperfeição, bem como a sua oposta perfeição, de facto não existem,
Apenas arranjamos razões para o que fazemos,
E desculpas para o que não fazemos
E no entretanto, vivermos a vida que podemos…

1 comentário:

Joaninha disse...

Lindo. Como um pequeno texto pode reflectir toda uma vida.
mesmo arrependendo-nos das nossas atitudes, temos que viver com as consequências e olhar para o passado com certezas que foi o que melhor fizemos no momento, embora agora achemos que estávamos errados.

Boa escolha.

Cumprimentos,
Fico à espera de comentários